Existe comprovação científica de que a ineficiente gestão pública – em todos os campos, mas sobretudo no setor da saúde – configura o principal obstáculo para superar a precariedade no serviço prestado aos brasileiros.

Muitos pesquisadores afirmam, inclusive, que nossa cultural dificuldade para gerenciar projetos e empreendimentos se sobrepõe à escassez de recursos na avaliação sobre a qualidade do serviço público.

Significa dizer que o gerenciamento incompetente do orçamento estatal gera desperdícios de tal monta, que superam de longe as eventuais limitações financeiras.

Enfim, o problema não é dinheiro. Por meio de uma gestão um pouco mais profissional de órgãos públicos seria possível prestar um serviço de melhor qualidade, mesmo com o saldo financeiro atual.

Por isso, antes de se falar em aumento do orçamento para qualquer esfera de governo, uma análise corriqueira da administração orçamentária alertará para dificuldades insuperáveis de gestão.

Não à toa, quando da aprovação da Emenda Constitucional 95, em dezembro de 2016, muitos (principalmente os partidos de esquerda) se apressaram em gritar que não haveria recursos para financiar educação, saúde, produção rural etc.

Ocorre que a emenda não impôs um saldo – ao contrário, fixou um teto para os gastos. Trata-se de efeito, e não de causa: uma medida para conter a crise decorrente da ampliação do endividamento público. Ora, confundir teto com saldo é a cabal demonstração de incompetência nata para a gestão pública.

Saldo é o que o gestor tem disponível para gastar, e teto é o limite para se endividar – sendo que essas duas informações são cruciais para todo executivo que pretenda gerenciar a coisa pública.

Em época de eleições, há candidatos que se posicionam contra o teto dos gastos públicos e, ao mesmo tempo, dizem que pretendem governar com eficiência, nomeando uma equipe exemplar para administrar os órgãos estatais.

O problema é que a duas premissas se anulam, na medida em que o gestor competente sabe que precisa da amarração do teto de gastos para chegar à eficiência.

Por sinal, selecionar uma equipe de profissionais capacitados, com perfil para gerenciar, é ponto central para o sucesso ou o fracasso de qualquer empreendimento – um governo, uma lojinha, um órgão público, uma universidade, um museu.

Nesse quesito, as análises sobre a gestão de universidades federais são esclarecedoras. Diante da incapacidade de selecionar profissionais tendo por referencia atributos como capacidade para gerenciamento, experiência em administração pública e assim por diante, as universidades públicas são o exemplo mais evidente do fracasso gerencial.

Desde o período do regime militar, as universidades federais entraram num fosso do qual não conseguem escapar. O pior é que não há luz no final do túnel.

Por meio de eleições, a comunidade acadêmica, formada por professores, alunos e servidores, escolhe coordenadores de curso, representantes no conselho universitário e mais um conjunto de cargos de gerenciamento intermediário, até chegar à equipe principal de executivos que vai conduzir a universidade por 4 anos.

Eleição, como todo brasileiro está cansado de saber, seleciona os mais carismáticos, os que professam alguma religião, os que agradam os sindicatos, os que integram um grupo corporativo qualquer.

Sem se levar em consideração a competência em gerenciamento, alguns professores, que podem ser reconhecidos em suas respectivas áreas, são eleitos para administrar as instituições mantidas pela universidade, inclusive hospitais e museus.

Pense bem, qual a chance disso dar certo? Nenhuma. Contudo, a pergunta certa é a seguinte: por quanto tempo se persistirá no erro?

 

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