Unidades de Conservação são criadas para que o que acontece fora delas não ocorra dentro delas. É como se a sociedade pedisse ao Estado, não aos governos, mas ao Estado, que protegesse esses pedaços de terra. Protegesse de que? Do que vem acontecendo fora delas.

Na maioria dos casos e na Amazônia principalmente, o que vem acontecendo fora desses pedaços de terra é a expansão da agropecuária. Isto é, como a produção de gado e de soja (somente para citar dois exemplos) vai ocupando cada vez mais terras, a sociedade preocupada com esse crescimento, reivindica do Estado a segregação de parte do território, onde não vai ser permitido produzir gado e soja (para ficar nos exemplos).

Mas não são somente as Unidades de Conservação que gozam desse privilégio, ou proteção do Estado. Somam-se a elas a Terra Indígena, a Reserva Legal e a Área de Preservação Permanente, são as denominadas Áreas Protegidas.

Protegidas por quem? Pelo Estado. Protegidas como? Pelo mecanismo mais eficiente que o Estado possui: a Lei. Protegidas de que? Da ampliação da produção de gado e soja (novamente para ficar nos exemplos). São áreas protegidas do agronegócio.

São áreas protegidas contra o agronegócio. São áreas onde a geração de riqueza não pode acontecer à custa do desmatamento. São áreas onde a única e exclusiva maneira para ter emprego e renda é o uso da floresta por meio da tecnologia do Manejo Florestal de Uso Múltiplo.

No entanto, proteger esses pedaços de terra custa muito dinheiro para a sociedade. São milhões de reais despendidos na sua criação e na sua fiscalização. Na maioria das vezes, por pressão da sociedade, o Estado consegue criar, mas não consegue manter. E assim, o que acontece fora delas termina por acontecer também dentro delas, fazendo com que o custo pago pela sociedade para criá-las seja desperdiçado.

Ou seja, a proteção legal parece não bastar quando não vem associada aos investimentos necessários para manter essa proteção. O mecanismo atualmente existente para manter a proteção dessas áreas é a elaboração de um Plano de Manejo, já previsto na Lei que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e na legislação vigente para as Áreas Protegidas.

Mas quem elabora os Planos de Manejo? Poucos técnicos com formação em conservação de florestas (como os engenheiros florestais). Quanto custa esses Planos de Manejo? São caros, pois envolvem vários estudos e dias de trabalho de medição de árvores e da fauna, com vários técnicos permanecendo dias no campo. Para se ter uma ordem de grandeza, para uma área de 200 mil hectares o Plano de Manejo custará mais que 500 mil reais.

E essas Unidades de Conservação podem ter produtores dentro? Podem e, na maior parte, da Amazônia é o que ocorre. E esses produtores não podem produzir? Não podem quando sua produção for igual ao que acontece fora delas, mas podem e devem ganhar muito dinheiro, com o Manejo Florestal de Uso Múltiplo.

Todavia se é mais fácil ganhar dinheiro com a agropecuária, porque os produtores iriam se aventurar no caminho incerto do Uso Múltiplo da Floresta? Primeiro porque estão em uma Área Protegida por Lei (ou eles vão viver na ilegalidade). E segundo, porque a opção pelo Manejo Florestal é, sem dúvidas técnicas, a melhor para ganhar dinheiro de forma permanente, por mais que no dia-dia não pareça.

Interrogações não faltam. Tanto o Estado quanto a sociedade que o faz andar, não sabem, exatamente, o que esperar desses pedaços de terras.

Enquanto isso a exclamação de todos é: Salvem a Amazônia!

Download .DOC

xxxx