A grande maioria das pessoas que possuem poder de decisão e de influência sobre a sociedade, para assuntos relacionados à sustentabilidade da Amazônia, não são engenheiros. O que deixa apenas uma segunda opção: podem ser especuladores.

Em todas as áreas do conhecimento a história se repete. Pode ser o caso de um Deputado que teima em reescrever o que chama de um novo Código Florestal, mas que não é Engenheiro Florestal. Também pode ser o caso daquele ambientalista que tece críticas ferrenhas às hidrelétricas em fase de construção no Rio Madeira, mas que não é Engenheiro Eletricista, Civil, Mecânico ou Ambiental.

A ausência do profissional de engenharia é facilmente sentida e justificada por uma razão simples e, claro, grotesca: a discussão não pode ser técnica tem que ser política.

Escondidas à sombra da chamada discussão política estão todo tipo de afirmações equivocadas, de falta de domínio sobre o tema e, o pior, a banalização, ou popularização, de temas complexos para os quais as pessoas deveriam ter alguma formação para discutir.

Não é o caso de se negar a importância do envolvimento da sociedade nessa discussão, mas pelo contrário, de promover uma participação qualificada.

Esses dois exemplos citados acima (Código Florestal e Hidrelétricas) talvez sejam os que mais refletem a falta que fazem os engenheiros. No primeiro caso se convive com uma contradição intrínseca: possivelmente a profissão mais afetada em seu cotidiano pelas decisões de alteração da Lei, no caso a de Engenheiro Florestal, é a que se encontra mais distante dessas decisões.

Da mesma forma que se fossem ouvidos os engenheiros que atuam na construção de hidrelétricas e na geração de energia elétrica para atender a demanda da sociedade, a discussão não estaria, evidentemente, estagnada sob os argumentos dos que são contra ou a favor da construção.

Afinal a discussão necessária é sobre o tipo de tecnologia de hidroeletricidade o país vai usar nas hidrelétricas que deve construir o mais depressa possível.

É sobre esse espaço político de decisão e de influencia, que a engenharia precisa requerer, prioritariamente na Amazônia, que a Federação Nacional dos Engenheiros, em conjunto com a entidade Engenheiros Solidários e o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Acre, Senge-AC, estão realizando o Segundo Fórum Internacional de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Sul-Americana, com início em 24 de maio próximo.

Não se trata de colocar a engenharia a serviço do progresso a todo custo ou de alguma pessoa, ou ainda, de algum governo. A idéia, ao contrário, é mostrar a importância da engenharia para se colocar em pratica os ideais de sustentabilidade que o mundo exige para Amazônia.

E para transformar a sustentabilidade dos sonhos dos Deputados e dos ambientalistas, para continuar nos dois exemplos acima, em realidade os engenheiros são imprescindíveis.

Afinal, como diz a metáfora: enquanto a expansão da agropecuária avança em um carro de fórmula 1 o manejo florestal de uso múltiplo anda em um fusquinha 64 com seis advogados dentro.

Somente a engenharia pode alterar isso.

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