A preocupação com o risco de extinção de alguma espécie, animal ou vegetal, é mais que legitima é imprescindível. Não foi à toa que essa preocupação sensibilizou pessoas das mais variadas formações em todo mundo.

Ocorre que esse risco de extinção carrega alguns significados que mexem com o imaginário da população. Afinal, extinguir significa afirmar que aquela espécie já não existe mais. O seu desaparecimento, da vida na Terra, pode ter como conseqüência que as chances para se encontrar a cura para algum tipo de câncer ou outra doença se perderam.

Mais que isso, a extinção também carrega uma sensação de prejuízos econômicos. Parece que algum recurso, que poderia ser estratégico e valer muito dinheiro no futuro, está sendo desperdiçado. Ou, pior ainda, que algum desequilíbrio ecológico drástico poderá colocar em risco outras espécies, na complexa cadeia de dependências existente nos ecossistemas.

Assim, parece consensual que ninguém aceitaria correr o risco da extinção de alguma espécie, sobretudo se esse risco estivesse associado à exploração de algum tipo de recurso natural. Pelo Princípio da Precaução, tão exaltado durante a Rio 92, não se admite que a exploração de uma jazida, como de ferro, por exemplo, prejudique a existência de alguma espécie.

O mesmo raciocínio vale para os recursos naturais renováveis, aqueles que não se acabam quando explorados sob as técnicas adequadas de manejo. A exploração de madeira não poderia expor os passarinhos e os sapos aos seus predadores, naturais ou não, de maneira que viesse a comprometer sua reprodução.

Em sendo a precaução com o risco de extinção das espécies ponto indiscutível, com o qual todos concordam, resta caracterizar melhor a ocorrência do risco de extinção. Ou seja, quando o risco de extinção ocorre, de que forma, com que intensidade e, talvez o mais importante, com que freqüência.

Talvez seja essa a maior e, às vezes, insuperável divergência técnica. Todavia, a boa noticia é que caracterizar o risco é, também na grande maioria dos casos, uma tarefa possível pelo nível de técnica atual. E a péssima noticia é que a grande maioria das pessoas ignora isso.

Ignora por falta de informação e formação ou, o mais grave, por ser mais conveniente do ponto de vista ideológico. Na primeira leva, está um enorme contingente populacional que vive por aí sendo influenciado por uns e por outros. Já na segunda leva, estão os adoradores da natureza pela natureza, que se julgam portadores da missão de levar adiante os ideais de um ambientalismo preservacionista que prega, sempre, a tragédia.

Para esse preservacionismo extremista, toda agressão à natureza, leva ao risco de extinção de alguma espécie, quando na verdade, agressão há desde que o homem existe e risco nem sempre.

Como já afirmava o ganhador do Nobel de Literatura, Bertrand Russell, em seu célebre livro “No que acredito”, ainda em 1925:

“Creio haver uma mescla de verdade e falsidade na admiração da “natureza”, da qual é importante que nos desvinculemos… O respeito à natureza física é pura tolice; a natureza física deve ser estudada no intuito de se fazer com que sirva, tanto quanto possível, aos propósitos humanos, ainda que, do ponto de vista ético, ela permaneça nem boa nem má.”

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