Um novo e vigoroso setor florestal emerge no Acre. Tanto no que se refere à produção de madeira, quanto em relação a outros produtos florestais, o setor florestal passou, nos últimos dez anos, por transformações significativas.

Além de superar o infausto tempo da ilegalidade – principalmente no que diz respeito à produção de madeira, já que atualmente mais de 90% da exploração de madeira é efetuada pela via do manejo florestal -, a produção florestal conseguiu se consolidar, suplantando a primitiva fase da Serraria de Ramal, e chegando finalmente à era da Indústria Florestal.

Ou seja, se antes – até 2006, para fixar uma data aproximada -, as denominadas serrarias de ramal se caracterizavam pelo primitivismo tecnológico, fosse na seleção e exploração das árvores no interior da floresta, fosse no beneficiamento da tora que chegava à serra-fita para o desdobro primário, hoje, em tempos de Indústria Florestal, são serradas peças pequenas, com alto valor agregado, destinadas à exportação.

Quanto ao emprego do manejo florestal, a maioria das serrarias de ramal simplesmente desconhecia o manejo, e aquelas que detinham algum conhecimento negavam as vantagens dessa importante tecnologia – que, aliás, se encontrava, à época, em franca consolidação em outras localidades da Amazônia e no resto do mundo.

O que então se cogitava era que o manejo florestal, em vista das suas operações relativas ao planejamento da exploração, redução dos impactos, plaqueteamento das árvores, direcionamento da queda das árvores, mapeamento do lançamento das estradas de arraste, alocação ótima das esplanadas, entre outras técnicas desenvolvidas pela Ciência Florestal amazônica, elevaria sensivelmente os custos da produção de madeira, tornando-os inviáveis para aquele tipo de indústria. Tal pensamento talvez não fosse tão equivocado, e por isso mesmo as ditas serrarias de ramal acabaram saindo do mercado.

E quando a tora chegava até o pátio da serraria para beneficiamento, o desperdício era a regra. Menos da metade da madeira era aproveitada na serra-fita. As perdas eram superiores a 55% da tora, convertidos em pó de serra, costaneiras, e porções de paú, queimadas a céu aberto no próprio estabelecimento madeireiro.

Atualmente, a realidade vivenciada pela produção de madeira no estado é bem diferente. Tendo ocorrido expressiva redução no número de empresas, a Indústria Florestal compreende em torno de meia dúzia de indústrias consolidadas e de grande porte, as quais, atuando sob estrita observância das normas vigentes, superarão, em 2011, a cifra de um milhão de metros cúbicos de madeira explorados.

São, assim, significativos os números originados pelo setor florestal – setor este que, no âmbito industrial, é o que gera a maior quantidade de empregos, representa a maior movimentação financeira e é responsável pela maior arrecadação tributária.

Seria de se esperar, portanto, que a relevância econômica e social da indústria florestal no estado se refletisse em importância política. Todavia, ao que parece, não é o que acontece.

Basta uma breve avaliação do crescimento econômico e social desse setor, tendo-se a produção de madeira como referência principal, para se constatar que sua importância econômica não encontra ressonância na conquista de espaço político.

Tanto nos temas conexos à área rural, atinentes à Federação da Agricultura e ao respectivo Serviço de Aprendizagem (para citar apenas duas entidades de representação), quanto no próprio meio industrial, junto ao Senai e à Federação da Indústria (novamente, para citar apenas duas instituições), o setor florestal não encontra espaço e repercussão para participar das tomadas de decisões. A bem da verdade, trata-se de um setor praticamente excluído das esferas de atuação político-institucional.

A se balizar por tal insucesso, é de se concluir que, ao que tudo indica, a fase da Serraria de Ramal, embora superada pelo desempenho econômico e social da Indústria Florestal, ainda é uma referência, em termos político-institucionais, para o setor florestal do estado.

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