Todos os acreanos, alguns sul-amazonenses e outros tantos paraenses do sudeste do estado foram surpreendidos, há algum tempo, com um dia de 23 horas. Depois desse dia, a vida nunca mais foi a mesma. Se antes, as 6 horas da tarde correspondiam sempre à hora do poente, e as 5 horas da manhã, ao nascer do Sol, depois do dia de 23 horas, não se soube mais ao certo quando o Sol iria aparecer e se esconder.

Acontece que o planeta Terra, alheio às idéias dos homens, realiza, desde que se originou no Cosmo, um deslocamento orbital ao redor do Sol – definido pelos astrônomos como Movimento de Translação -, que, conjuntamente com a inclinação do próprio eixo da Terra, determina a intensidade com que os raios solares atingem o nosso planeta. Assim, dependendo da posição da Terra em relação ao Sol, as estações do ano (primavera, verão outono e inverno) se sucedem, perpetuamente.

Mas a Terra também acorda e adormece num ciclo permanente e contínuo, igualmente regido e orientado de acordo com a sua posição em relação ao Sol: os dias e as noites são alternados por outro movimento giratório do astro, o Movimento de Rotação, que o planeta faz em redor do seu próprio eixo.

Se a Terra fosse plana (como se chegou a pensar muito tempo atrás) e permanecesse imóvel no Universo, seria bem diferente. Mas, Translação, Rotação, Sol e Terra: tudo aqui é elíptico, tudo sugere movimento, tudo é cíclico – assim, enquanto uns dormem, outros estão acordados; enquanto no hemisfério norte é inverno, no hemisfério sul é verão…

Pensando nisso e para solucionar o problema – técnico, diga-se – da diferença de tempo causada pela curvatura da Terra, um conjunto de cientistas, ainda no século dezoito, conseguiu estabelecer matematicamente a relação entre espaço geográfico, curvatura e tempo, demarcando as horas, minutos e segundos para cada localidade, em comparação com um ponto físico pré-definido.

Essa relação matemática foi designada de Meridiano; as aferições do tempo, por sua vez, denominaram-se Fusos Horários; convencionou-se o Meridiano de Greenwich como o referencial para calcular distâncias em longitudes e fixou-se em 15º a distância entre os meridianos, o que corresponde a uma hora de diferença de fuso horário. Assim, por toda a circunferência da Terra, meridianos e fusos horários demarcam as naturais diferenças de tempo que existem entre diferentes longitudes.

São diferenças de tempo regidas pelo Universo, pela forma geométrica da Terra e do Sol, pelos Movimentos de Translação e Rotação. Portanto, devem ser respeitadas pelo homem, cujo metabolismo é diretamente influenciado por elas.

Quando o dia de 23 horas alterou arbitrariamente os horários, foi como se a Terra tivesse ficado plana para o Acre, Bolívia e Rondônia – que apesar de se situarem em longitudes distintas, ficaram sob o mesmo fuso-horário. E quanto mais perto de outro meridiano, mais se percebeu como a Terra não é plana. Quem vive em Cruzeiro do Sul – bem mais próxima do fuso horário seguinte na curvatura da Terra – sentiu com mais intensidade as mudanças ocorridas no seu modo de vida.

Quando as horas do relógio não se acertam com as do Sol, desvirtua-se o tempo de estudar, de comer, de se divertir, de trabalhar… Pro pessoal que não vive à Oeste do meridiano de Brasília, as horas podem até ser iguais. E é possível que tudo seja plano no Planalto Central. Mas a Terra é redonda, e por isso, como atestam a Matemática, a Física, a Geografia…, as horas são diferentes para locais diferentes. A não ser que se viva na China, país que comportaria 4 fusos horários, mas impõe à nação inteira o horário de Pequim, não obstante os prejuízos ocasionados ao cotidiano dos chineses.

Assim, no Referendo do Fuso Horário, vote 77: diga NÃO – A TERRA NÃO É PLANA.

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