Cortam o território do Estado do Acre três importantes bacias hidrográficas, todas depositárias do Rio Solimões, são elas: Bacia Hidrográfica do Rio Acre, Purus e Juruá. Dessas, a região que compreende a Bacia Hidrográfica do Rio Acre é a que apresenta mais intensa ocupação através da agropecuária. É aí onde se encontram os maiores índices de alteração antrópica, com projetos de colonização, nos quais a cobertura florestal foi convertida em plantios homogêneos de monoculturas, em área bem superior aos 20% permitidos por Lei. Por outro lado, as áreas de Reserva Legal, em sua grande maioria, representam menos de 30% das áreas das propriedades.

Essa ocupação intensa e antiga acarretou efeitos danosos à Bacia Hidrográfica, facilmente percebíveis, como o que ocorreu na seca de 2005. Efeitos que transformaram o Rio Acre em um problema durante todo ano. Ou porque irá causar alagações (período de inverno amazônico de dezembro a março) ou porque irá secar e deixar as áreas urbanas sem abastecimento de água (período de verão amazônico de abril a novembro).

O fato é que os efeitos nefastos do Rio Acre são tratados como se suas causas dependessem de temas alheios à ação do homem. Um sentimento de insatisfação com o Rio faz surgir idéias absurdas como, por exemplo, o de sua canalização ou de alteração do trajeto de seu leito para passar fora da área urbana das cidades. Inacreditável, no entanto, é a constatação de que a perda total de sua ictiofauna não causa mais nenhum estranhamento ou indignação.

Na verdade, além dos graves problemas de vazão advindos de assoreamentos quase irreversíveis, o Rio Acre é um rio morto já faz uns quinze anos. As notícias de realização de pescarias em seu leito, em qualquer época do ano, remontam mais de 20 anos atrás, no decorrer da década de 1980. A pesca amadora ao longo do rio já não existe faz tempo.

Esse quadro repete-se ao longo de todo leito do Rio Acre, área na qual o projeto Ciliar Só-Rio Acre pretende contribuir para recuperar. O objetivo maior do projeto é reverter as condições de assoreamento, de quantidade e de qualidade da água, por meio da restauração florestal da mata ciliar.

Pretende-se, em cada um dos oito municípios acreanos cortados pelo Rio Acre, até sua desembocadura no Rio Purus, mapear os fragmentos de floresta nativa ainda existente na mata ciliar, realizar Inventário Florestal desses fragmentos, identificar as espécies florestais nativas mais importantes para serem usadas em projetos de restauração florestal e, finalmente, calcular a largura adequada da mata ciliar para cada cidade.

O produtor, cuja unidade produtiva ocupa a mata ciliar, por sua vez, deverá ser instado a contribuir com o projeto, primeiro para sair da condição de ilegalidade (devido infringir o Código Florestal) e segundo porque poderá usufruir dos benefícios da restauração florestal da mata ciliar.

Já as prefeituras municipais deverão ser sensibilizadas para o comprometimento para replicação das ações do projeto em todo leito do Rio Acre que corta o território municipal. Evidente que, diante das frágeis economias municipais, a União e o Estado terá que contribuir para isso. Todos os envolvidos na execução do projeto participarão ativamente de todas as sua etapas.

Afinal, retirar o Rio Acre do grave estágio de degradação no qual se encontra deve ser uma prioridade para a sociedade acreana.

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