Dentre todos os problemas que se arrastam sem solução no Acre, o que diz respeito à qualidade do fornecimento de energia elétrica certamente é um dos mais contumazes.
E olha que, no Acre, a lista de problemas insolúveis não é pequena.
Vai desde a persistente taxa anual de desmatamento (que aumentou 47% em 2016), passa pela tolerância dos gestores públicos com as queimadas e a seca do rio Acre, e chega à estagnação de uma economia precária e cada vez mais dependente da nefasta criação de boi.
No caso da geração e distribuição de energia elétrica, ninguém há de discordar que o serviço público prestado no estado deve estar entre os piores do país. Longos apagões e flutuações de carga em intensidade suficiente para queimar aparelhos de tevê e computadores são uma constante durante todo o ano.
Interrupções no fornecimento por horas ocorrem como se fizessem parte da normalidade, tanto no inverno (chuva) quanto no verão (seca) amazônicos, e sem que haja explicação plausível.
De maneira geral, quem vive em Rio Branco e nas demais cidades do Acre abastecidas pelo sistema interligado nacional, o SIN, não se dá conta que a estatal “Eletrobras Distribuição Acre” é a responsável pela caríssima energia que chega à população.
Ou seja, a antiga Eletroacre, empresa pública estadual que, como agora querem fazer crer alguns políticos e sindicalistas, um dia foi o “orgulho” do povo do Acre, não existe mais. No rastro de tantas outras estatais de âmbito local, tornou-se um verdadeiro desastre, uma sangria de dinheiro público, uma efígie da incompetência, e por isso foi extinta há muito tempo.
O Estado brasileiro detém 60% das ações da Eletrobras. Se vender 40%, como se anuncia, ainda permanecerá com 20% das ações em seu poder. Dessa forma, embora o país continue participando de decisões estratégicas, o governo não terá mais controle sobre essa holding e suas subsidiárias, incluindo-se a distribuidora no Acre e a Eletronorte.
Significa dizer que as empresas pertencentes à holding não ficarão mais sujeitas a ingerências políticas, os cargos não estarão mais disponíveis para preenchimento por cabos eleitorais ou apadrinhados de governos ou partidos.
Com a privatização, gestores profissionais, que atuam no mercado e são remunerados por resultados operacionais, passarão a administrar o fornecimento de energia elétrica, com a missão de melhorar um serviço reconhecidamente muito ruim.
Baratear o custo da energia elétrica e incorporar ao SIN o maior número possível de usuários: essas devem ser as prioridades para o planejamento operacional da nova fornecedora.
Prioridades que a gestão estatal não conseguiu alcançar.
Não se trata de ponto de vista ou opinião, é fato. Um fato comprovado em mais de 30 anos de empreguismo, nepotismo, fisiologismo e, o pior, incompetência para gerenciar.
Aos cidadãos e empresas do Acre, só resta apoiar a privatização da Eletrobras e torcer para que a futura distribuidora, por meio da gestão privada, logre superar o gargalo da energia elétrica, que há mais de 30 anos obsta o desenvolvimento local.
Afinal, tudo o que se espera de uma prestadora de serviço é eficiência – sem nacionalismos estúpidos.