Há 20 anos, um conflito entre o Ministério da Agricultura e o de Meio Ambiente dominou os noticiários com declarações fortes a favor e contra, respectivamente, a produção de alimentos modificados geneticamente, que os jornalistas chamam apenas de transgênicos.

Naquela época, ambientalistas pouco preparados e com posição radical contrária aos transgênicos defendiam que os rótulos dos produtos, sucrilhos por exemplo, que usassem milho modificado estampasse, não somente no rótulo mas nos materiais de divulgação, um alerta para o consumidor do tipo: cuidado, produto transgênico.

Muitos cientistas, inclusive aqueles que atuavam junto a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, CTNBio, esclareceram que os transgênicos haviam sido mais estudados que os produtos geneticamente melhorados por cruzamentos ao longo do tempo e que não havia dúvida sobre sua segurança para consumo.

Os mesmos ambientalistas, por suposto, que hoje apontam o dedo para negacionistas da ciência em relação à vacina da Covid, se negaram a ouvir a CTNBio e os pesquisadores sobre os benefícios econômicos e, óbvio, ambientais das sementes transgênicas uma vez que exigiam menos defensivos agrícolas para cultivar.

Claro que com o passar do tempo o cultivo de sementes melhoradas foi ampliado em todo mundo e a rotulagem ambiental não impediu que a ciência confirmasse sua irrefutável prevalência sobre a escuridão.

Deixando os transgênicos de lado, o conflito sobre a exploração da margem equatorial, uma área imensa de águas profundas localizadas no Oceano Atlântico muito acima do litoral do Amapá, mas que para o Ibama e alguns jornalistas desinformados faz parte da foz do Rio Amazonas, coloca de um lado o Ministério do Meio Ambiente e de outro o Ministério das Minas e Energia.

Nem precisa reforçar que os ambientalistas radicais negam a exploração de petróleo em qualquer lugar mesmo que a ciência afirme ser possível, enquanto os engenheiros da energia e muitos cientistas afirmem que a transição energética em direção às fontes de geração limpa ainda dependerá de muito petróleo.

Há fartura de estudos sobre a relevância da extração de petróleo onde for possível até 2050, quando a oferta de eletricidade limpa, aquela que vem do sol, do vento, da água e da biomassa dominará o mercado.

Não à toa, o parecer da Advocacia Geral da União – AGU, publicado recentemente, deixa claro que a exigência do Ibama por estudos denominados de Avaliação Ambiental de Área Sedimentar não faz sentido agora, na fase de prospecção da viabilidade da exploração de petróleo na Margem Equatorial.

Mais grave, segundo a AGU o leilão de outorga que aconteceu em 2013 autorizou o processo até a fase atual, por isso uma junta de conciliação entre os ministérios deveria ser instalada com objetivo de encaminhar a prospecção e atender, no que for plausível pela ciência, a demanda dos ambientalistas.

Tal qual o imbróglio dos transgênicos em 2003, o petróleo da Margem Equatorial pode tirar alguns da área ambiental do governo. Espera-se que somente os radicais.

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