Todos os anos, desde o início da década de 990, acontecem no Acre diversos eventos, que, embora realizados de forma avulsa e desconexa, sempre têm como foco, em síntese, ou a produção florestal oriunda da biodiversidade, ou o processo de ocupação produtiva ancorado na expansão da agropecuária.

Esses temas estão relacionados, na medida em que são cruciais ao processo de desenvolvimento do estado. Não obstante, trata-se de dois modelos econômicos distintos, talvez até mesmo incompatíveis. O primeiro se refere à exploração da diversidade biológica, que pode conduzir o Acre ao caminho da sustentabilidade; o segundo diz respeito à consolidação da pecuária e do cultivo de grãos, que pode levar à degradação ambiental e social.

Cientes quanto a essa incompatibilidade, e cientes, acima de tudo, quanto à relevância do debate em torno da atividade produtiva baseada no ecossistema florestal, os envolvidos com a Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre, Ufac, se esforçam na realização de um evento anual, que já se tornou referência no âmbito estadual: a Semana Florestal.

A Semana Florestal, que terá lugar no Auditório da Ufac, no período entre 2 a 6 de maio próximo, sempre se debruça sobre assuntos atuais e pertinentes para o Acre e a Amazônia. Em suas edições anteriores, teve como tema: “Biodiversidade, a floresta que existe além das árvores (primeira edição, 2007); “Alternativas Florestais e Desafios Tecnológicos” (2008); “Manejo Florestal de Uso Múltiplo” (2009); “Reservas Extrativistas” (200); “Manejo Florestal Empresarial” (20); “Biomassa Florestal e Energia Elétrica (202); e “Unidades de Conservação” (203). Em 204, na oitava edição do evento, as discussões ocorrerão em torno do tópico “Florestas e Mudanças no Clima”.

Acontece que, desde a realização, em 992, no Rio de Janeiro, da Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (a Rio 92), os países discutem a estreita relação que existe entre as formações florestais (em especial as nativas) e o equilíbrio do clima.

Já foi cientificamente comprovada a importância das florestas para a manutenção do equilíbrio hidrológico dos rios (sobretudo no caso da mata ciliar), bem como a efetiva ação das formações florestais na absorção do carbono presente na atmosfera, na melhoria da qualidade do ar, na manutenção de encostas – em suma, na mitigação dos impactos oriundos do efeito estufa e do conseqüente aquecimento do planeta.

Significa afirmar que a existência ou a inexistência de florestas pode representar, respectivamente, menor ou maior risco de ocorrência de tragédias associadas às alterações no clima, como secas, alagações, desbarrancamentos, calor excessivo e tsunamis.

Diante de tais constatações, um novo modelo de economia surge no mundo, com o fito, em última análise, de frear e minimizar os impactos advindos das mudanças climáticas. Chamada de economia de baixo carbono, numa referência explícita à redução do uso do petróleo no padrão de consumo atualmente mantido pela humanidade, esse promissor modelo econômico deverá priorizar o emprego de matérias-primas renováveis, vale dizer, que podem ser produzidas – ou manejadas – na floresta.

Nessa nova economia, o ecossistema florestal da Amazônia tem papel preponderante. De fato, não há, para os cientistas, nenhum cenário ou prognóstico para o clima e para a economia, num futuro cada vez mais próximo, em que a Amazônia não apareça sob apreciável posição estratégica.

É nesse contexto que os atuais e futuros engenheiros florestais da Ufac pretendem conduzir os debates, tendo por referência a “Floresta sob um novo clima”, como assevera o slogan que venceu o concurso de lançamento do evento.

A saída – e ao que parece, não há quem duvide – está em aumentar a área de florestas manejadas no mundo, com destaque para a Amazônia.

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