Nos últimos oito anos o Acre passou por uma profunda transformação em sua infra-estrutura. Um passo significativo foi dado no sentido de, literalmente, construir as bases para consolidar sua ocupação social e produtiva. De uma situação de abandono, isolamento e carência absoluta, passou-se à condição de atrativo para investimentos privados.

Rodovias que eram consideradas demandas históricas da população acreana foram pavimentadas. O Vale do Rio Acre foi totalmente unido pelo asfalto. A ligação de Sena Madureira à Assis Brasil, envolvendo trechos da BR 364 e 317, foi finalizada. Da mesma forma que Acrelândia, Plácido de Castro e Quinari, intensificaram sua relação social e econômica com Rio Branco, também graças ao asfalto.

Escolas de médio e grande porte foram construídas ou reformadas em todos os municípios. Aeroportos, como o de Feijó e de Cruzeiro do Sul, possuem capacidade para atender uma demanda que, talvez, se concretize nos próximos 50 anos. O mesmo se poderia dizer para a ponte de ligação com o Peru, projetada para um tráfego rodoviário que deverá existir somente em um futuro distante. Na área de saúde também não é diferente. Vários hospitais e suas variadas complexidades surgiram em prédios elegantes.

A rede de energia elétrica, outro componente essencial para o dinamismo econômico, cresceu de maneira excepcional. A luz chegou onde ninguém haveria de imaginar. Com a imposição legal da universalização do atendimento, a energia elétrica transformou-se em realidade nos ramais e varadouros do meio rural acreano.

Por sinal, a estruturação foi tamanha, que chegou-se ao requinte de transformar a pavimentação dos ramais em promessa de campanha. Promessa que, a julgar pelo ímpeto construtor vigente, será cumprida com certa facilidade.

Evidente que esse canteiro de obras no qual o Acre se transformou funcionaria como importante atrativo para o capital privado. Igualmente evidente é que, as atividades econômicas com cadeias produtivas consolidadas no universo do mercado seriam os melhores destinos para esse capital privado.

Duas dessas atividades econômicas merecem destaque: a pecuária e a cana-de-açúcar. A primeira (que por ironia achava-se que seria considerada secundária) mais que quaduplicou desde 1999. Saiu-se da casa das 500 mil cabeças para se chegar em 2007 com mais de 3 milhões de cabeças. A quantidade de leilões de gado divulgados na regularmente em Rio Branco fornece uma idéia clara da expansão que essa atividade conseguiu.

Já a segunda, a cana-de-açucar, recentemente ressuscitada, atraiu um dos maiores grupos do setor sucro-alcoleiro que assumiu metas de produção bem superiores à demanda regional. A produção de álcool acreana, que por igual ironia se diz verde, se voltará para exportação aproveitando a ponte com o Peru.

Todavia, apesar de elevada importância para frágil economia estadual, essas atividades são realizadas com elevado grau de degradação. São atividades inseridas no agronegócio e, por natureza, dependem da condição de escala. Isto é, precisam ser produzidas em enormes quantidades e para isso dependem de terras. E terras no Acre possuem, ou deveriam possuir, floresta encima.

Ou seja, a sustentabilidade no Acre está em risco.

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