Há quase dez anos os engenheiros florestais (formados e em formação) vinculados à Universidade Federal do Acre aventavam a possibilidade de organizar-se um evento com periodicidade anual e que ocorresse no início do período letivo – o que coincidiria com o início da safra florestal.

Surgiu dessa forma a “Semana Florestal”. Trata-se da reunião de um grupo de acadêmicos e não acadêmicos sob dois pressupostos comuns: o envolvimento com o setor florestal do Acre e a crença de que o aproveitamento dos recursos florestais constitui a principal, talvez única, estratégia de desenvolvimento para a região.

A primeira edição da Semana Florestal ocorreu em 2007. Sob o slogan “Biodiversidade: ver a floresta que existe além das árvores”, foram discutidas as implicações decorrentes do aproveitamento da biodiversidade. Depois, enfrentou-se o espinhoso tema do gargalo tecnológico (“Desenvolvimento Tecnológico e Alternativas Florestais”, segunda edição), chegando-se ao exame de uma tecnologia específica para a exploração do ecossistema (“Manejo Florestal de Uso Múltiplo”, terceira edição).

A quarta edição da conferência (“Reservas Extrativistas: uma fonte de renda inexplorada”) chamou a atenção para o manejo florestal comunitário, certamente um dos principais legados do Acre para a política florestal da Amazônia. Em seguida, os debates abordaram o papel das empresas do setor florestal (“Manejo Florestal Empresarial: um mercado promissor e sustentável”, quinta edição), a importância da madeira para a geração de energia (“Biomassa Florestal e Energia Elétrica”, sexta edição) e o complexo sistema normativo destinado à conservação da floresta (“Unidades de Conservação: passaporte para o futuro”, sétima edição).

Com o amadurecimento das discussões, logrou-se planejar o que foi denominado “trilogia das alterações climáticas”. A ideia é completar uma sequência de três edições dedicadas ao tema das mudanças no clima. A trilogia iniciou-se em 204, na oitava edição do evento (“Florestas sob um novo clima”) e será concluída em 206, na décima.

Em 205, à luz do mote “Floresta e Água: um equilíbrio mútuo” (slogan vencedor de um concurso realizado entre os alunos do curso de Engenharia Florestal), os participantes da Semana Florestal irão se debruçar sobre a interação que existe entre a mata ciliar dos rios e a água que corre em seus respectivos fluxos.

Ocorre que não há dúvida científica quanto ao fato de que a mata ciliar tem influência no equilíbrio hidrológico dos cursos d’água; a supressão desse tipo especial de floresta acarreta o assoreamento dos rios, o que, por sua vez, pode levar à ampliação do risco de secas e alagações

O estudo da mata ciliar, todavia, nunca foi prioridade nem para a academia nem para os institutos de pesquisas que atuam na Amazônia, e só após a ocorrência de eventos extremos, como alagação no rio Madeira e seca no rio Negro, o assunto ganhou preeminência.

Sem embargo, no decorrer dos últimos 0 anos três projetos de pesquisa foram levados a efeito com a finalidade de gerar informações acerca da mata ciliar dos rios Acre e Purus e a influência das formações florestais ali presentes sobre a quantidade e a qualidade da água que corre nesses rios.

A experiência obtida na execução desses projetos, aprovados em editais do CNPq que somam 800 mil reais de investimentos, dentre outros tópicos, será objeto de apreciação na XIX Semana Florestal do Acre.

No período de 23 a 27 de março será possível aprofundar o que a ciência já comprovou.

Que a água que corre num rio ou igarapé da Amazônia depende da floresta que existe na mata ciliar. Todos lá!

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