Ano após ano governos municipais e estaduais amazônicos vêm incentivando o uso de embalagens, de plástico e de PET, que iriam parar no lixo, para confecção de um variado conjunto de produtos, que vão de flores até, pasmem, Árvore de Natal.

Seria um tanto inadmissível imaginar que, na região onde ocorre a maior floresta tropical do planeta, onde se encontram mais de 500 espécies diferentes de árvores, nenhuma delas, nenhuma sequer, encontraria aceitação de mercado, para se consolidar como símbolo natalino e, anualmente serem produzidas por vários extrativistas, que agora são manejadores florestais, e, assim, consolidar mais uma opção econômica ancorada na diversidade biológica da floresta na Amazônia.

É mesmo inadmissível e a ciência florestal amazônida já demonstrou o potencial das árvores da região para todo tipo de uso. Não há, portanto, nenhum tipo de empecilho técnico ou ecológico, que possa inibir o manejo das espécies florestais amazônicas, para produção de sementes, de mudas e de, óbvio, Árvore de Natal.

Como explicar então, a consolidação do mercado para embalagens PET ou de plástico, por meio do esforço em se encontrar mais uma aplicação, para uma matéria-prima que não deveria existir no mercado. É possível vislumbrar três justificativas, todas estranhas, para quem quiser se aventurar nesse nebuloso raciocínio.

A primeira razão é de que usar materiais que iriam parar no lixão, de uns tempos para cá virou modismo. Coisa de ecológicos engajados que respiram uma preocupação inconteste com o meio ambiente, da qual ninguém ousa duvidar e, o que seria admissível mas não é, questionar. Afinal o lixo é luxo, para eles.

Como todo modismo segue o caminho do mito e da verdade inalienável. Perguntar, nesse caso, ofende. No entanto, sem querer ofender, não seria o caso de se estar fazendo uma confusão triste entre reciclar e reutilizar? O destino para esse tipo de embalagem não é voltar a ser embalagem e assim, não aumentar sua presença na vida das pessoas? Ou ainda, o mais drástico, caso não possa voltar a ser embalagem, não seria melhor queimá-la para produzir energia?

A segunda explicação é de conteúdo mais, como diriam os arquitetos, estético urbanístico. Parece que as pessoas, pelo menos uma boa parte delas, consideram essas coisas que se fazem com lixo, bonitas mesmo. Quer sejam na confecção de roupas, na manufatura de uma flor ou na construção de uma Árvore de Natal, PET e plástico ficam bem na foto.

Houve um tempo, logo quando o modismo começou que se pensou que essa aceitação do PET e do plástico, para aplicação em artefatos urbanos tinha relação direta, com o grau de urbanização existente no local. Parece que não. O Natal com PET esta em todo lugar. Nas capitais mais urbanizadas, como Belém e Manaus, e no interior abandonado, alguma coisa com PET alegra o fim de ano das populações.

Por fim, para quem sobreviveu às elucubrações das duas explicações anteriores, a terceira justificativa é que o potencial da diversidade biológica da Amazônia, para gerar emprego e renda de forma sustentável, costuma ficar restrito ao discurso em campanhas eleitorais e aos trabalhos científicos e acadêmicos.

Na ora da verdade, o uso múltiplo da floresta na Amazônia, que já comprovou sua enorme capacidade para formar arranjos produtivos, com força para ampliar a dinâmica econômica no interior da floresta e na área urbana, não consegue o mínimo:

Consolidar um mercado para produzir Árvore de Natal de mógno, cedro, castanheira, cumaru, jatobá, seringueira, ipê amarelo, roxinho, breu, mulateiro, mata-mata, andiroba …

Download .DOC

xxxx