Durante a história da humanidade – é possível mesmo dizer desde que o homem era nômade -, que as atividades produtivas, em qualquer lugar do planeta, enfrentam toda a sorte de problemas. Na Amazônia, contudo, no âmbito da atividade de produção de madeira, não pode ocorrer a menor complicação, que logo o assunto é transformado em alvoroço. E sempre que algum desavisado se apressa em apontar qualquer tipo de dificuldade envolvendo a exploração madeireira, o Manejo Florestal é posto em xeque.

Debitar na conta do Manejo Florestal, que é uma tecnologia, os incontáveis problemas que podem decorrer da derrubada de árvores, do respectivo arraste no interior da floresta, e do posterior transporte por longos trechos no trânsito urbano é – para dizer o mínimo – uma grande insensatez.

A tecnologia do manejo tem como desígnio justamente o planejamento da exploração florestal – em qualquer floresta do planeta, inclusive a amazônica -, de forma a assegurar, sobretudo, impacto ambiental mínimo, e garantia de estoque futuro.

Para que essas diretrizes sejam alcançadas, são executados, sob a orientação de profissionais graduados, procedimentos técnicos desenvolvidos pela ciência da Engenharia Florestal. Em suma, trata-se de atividade-fim dos engenheiros florestais, desempenhada sob estrita observância de métodos científicos; e como acontece em todas as atividades de engenharia, envolve, obviamente, muitos cálculos matemáticos.

Há quem negue a importância da técnica, assentando-a, equivocadamente, num plano inferior às práticas populares. Deslumbramentos à parte, todavia, é a técnica que possibilita o resgate do conhecimento empírico, por meio da sistematização do saber tradicional. E independentemente dos embaraços que sempre obstam a produção de madeira, um ponto é inegável: o Manejo Florestal é a saída para uma ocupação produtiva da Amazônia isenta de queima e de desmatamento.

Imagine-se o dia em que um uma vasta cesta de produtos florestais (papagaio, paca, remédio, água, ar, resina, cipó, e assim por diante) será passível de exploração via manejo – de tal modo que venha a ser superado o contexto atual, em que a madeira impera como o produto mais importante da floresta.

Mas, até esse tempo chegar, não se duvide: é a madeira o produto que permitirá manter a floresta em pé. Sem a exploração madeireira por meio do manejo, a pecuária ocuparia todas as áreas, o que tornaria improvável um futuro com floresta – é preciso muito tempo e muito dinheiro para que áreas desmatadas voltem a ter cobertura florestal.

Portanto, excluir-se o Manejo Florestal da agenda política significaria um retrocesso irreparável. A possibilidade de uma opção produtiva que passe pela via florestal – e justifique, a ocupação da Amazônia – é um imperativo internacional que ganha cada vez mais força mundo afora.

Ou seja, (sem entrar na seara dos discursos nacionalistas), temos que nos habituar ao fato de que pecuária, cana e soja não podem ser referência para uma economia amazônica, sendo, por conseguinte, inafastável a consolidação de uma sociedade e de uma economia florestal.

Assim, nenhum governo, em qualquer esfera, poderá comprometer os avanços obtidos com o Manejo Florestal, nem incentivar o desmatamento decorrente da pecuária, sob pena de sofrer retaliações econômicas que podem levar a região à bancarrota.

É provável que o que aconteceu no Amazonas seja sintomático. Lá, o governador eleito, embora não tivesse qualquer histórico com o tema da ocupação produtiva da região, acabou por se tornar referência em política florestal. Tal metamorfose teve uma única e singela causa: o discernimento ditado pelo apelo internacional.

É certo, portanto, que mudanças estão acontecendo. E ao que tudo indica, não há mais volta.

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