Como é difícil. Como as instituições públicas e privadas, que se envolvem com os assuntos da produção, estão impregnadas de preconceitos com a atividade florestal. Como o modelo agropecuário, em especial aquele baseado na monocultura de larga escala (principalmente de soja) destinada à geração de divisas de exportação, se consolidou no interior da sociedade e das instituições na condição de opção inexorável.

Como é inoportuno, mesmo com todas as experiências demonstrativas existentes, defender o manejo florestal, sobretudo quando se inclui a madeira na cesta de produtos florestais.

Por sinal, é preciso reconhecer o importante papel que certas experiências produtivas de manejo florestal tiveram para desmistificar a atividade florestal, em particular aquela realizada por comunidades. Hoje sabe-se da dimensão do desafio, ao qual se propuseram as instituições responsáveis pela condução desses projetos, que merecem todo reconhecimento público dos amazônidas.

Experiências, como a realizada pela Fundação de Tecnologia do Acre, Funtac, na Floresta Estadual do Antimary, que por meio de projeto financiado pela Organização Internacional de Madeiras Tropicais, ITTO da sigla em inglês, consagrou-se como uma referência na gestão de florestas públicas, sob regime de manejo florestal privado.

Experiências como a pioneira executada pelo Centro doas Trabalhadores da Amazônia, CTA, junto ao Porto Dias, demonstrando um jeito amplo de exploração florestal por seringueiros, inseridos na proposta de manejo florestal de uso múltiplo.

Experiências como a da Embrapa, no Projeto de Assentamento Peixoto, que contribuiu sobremaneira para mostrar que a Reserva Legal não era o empecilho à geração de renda das propriedades rurais, como reclamavam os pecuaristas, mas ao contrário, importante componente de geração de renda, quando eficientemente manejada.

Essas experiências, iniciadas na década de 1990, seguramente devem ter consumido um enorme esforço daquelas instituições. Se atualmente as restrições ao uso sustentável da floresta ainda encontram um sistema normativo proibitivo, imagine-se há quase quinze anos atrás. Além de um fato evidente e determinante: hoje o manejo florestal madeireiro é parte da política pública estadual e federal.

Ocorre que no afã de proteger a maior floresta tropical do mundo, fomos (nós os brasileiros) criando um rol de normas que inibiram a atividade florestal, ou desativando-a ou empurrando-a para a marginalidade.

Primeiro a Lei de Crimes Ambientais excluiu toda possibilidade de inclusão da fauna silvestre no manejo florestal. Depois as portarias do Ibama transformaram o licenciamento do manejo florestal em alguma coisa impossível de se cumprir.

Até RIMA chegou-se a exigir para pratica do manejo.

Por fim, a histeria da biopirataria jogou a última pá de cal na atividade florestal, transformando o que seria uso biotecnológico em qualquer tipo de exploração florestal.

Na verdade o que acontece é que os “paulistas” (entendidos como aqueles brasileiros não amazônidas) sempre ditaram a elaboração das regras que envolvem o acesso ao recurso florestal na Amazônia (e continuam ditando). Os urbanos de outras regiões, envolvidos com seu maior problema ambiental: a destinação do lixo; preocupam-se com os destinos da floresta tropical.

É hora, dos amazônidas, mostrarem sua experiência, na exploração sustentável da diversidade biológica amazônica, acumulada nos últimos 20 anos.

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