Como introduzir animais silvestres em um Sistema Agrosilvopastoril?

A resposta a essa pergunta foi encontrada ainda em 2005, quando a Andiroba em conjunto com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Acrelândia, a Ufac e a Unesp (Departamento de Engenharia Civil de Ilha Solteira), com apoio financeiro do CNPq instalaram em um Sistema Agroflorestal existente no Acre, um criatório de Paca.

O projeto permitiu comprovar duas inovações tecnológicas importantes para o manejo de animais silvestres. Primeiro com relação à possibilidade do emprego de matéria-prima comuns nas colônias dos produtores (no caso madeira e paxiúba) na construção do criatório. Os custos das obras, que geralmente são proibitivos e afastam o pequeno produtor da atividade, com a madeira e a paxiúba tornam-se adequados à realidade rural acreana.

E a segunda inovação tecnológica esta relacionada ao lay out do criatório, construído na forma de um octágono. Com o formato semelhante ao da maioria dos geoglifos, o criatório inibiu a escavação pelo animal e as conseqüentes tentativas de fuga.

O plantel de Pacas introduzidas no criatório demonstrou perfeita adaptação ao criatório, sem ocorrência de prejuízos para o produtor com as constantes e comuns perdas por agressões e ferimentos entre machos e escape.

Além dessas inovações, a experiência permitiu ainda uma avaliação criteriosa do Sistema Agroglorestal existente na propriedade e instalado no Acre há 23 anos. Trata-se, provavelmente, do SAF mais antigo instalado na região. Um excelente laboratório de campo para aqueles que se interessam pelo tema da agricultura familiar na Amazônia. E o mais interessante é que todo o plantio foi realizado com esforço do próprio pequeno produtor, Sr. José Veríssimo.

O SAF consorciou várias espécies florestais, com duas principais: cupuaçu e seringueira. A diversificação de espécies é bastante elevada quando comparada com os modelos de SAF comumente implantados na Amazônia, como o do Projeto Reca, por exemplo, com apenas duas espécies.

O livro, resultado do projeto, também trata de um outro tema importante para a viabilidade do SAF na Amazônia. Ocorre que os espaços de tempo no qual o produtor precisa despender mão-de-obra, para cuidar do SAF, sem que o mesmo gere renda é por demais elevado e faz com que o produtor não consiga manter o sistema.

Denominando esse lapso temporal sem renda, mas intensivo em trabalho, de Pousio Econômico, o livro procura oferecer uma alternativa permanente de renda ao introduzir a criação de animais silvestres no sistema, como, no caso, a Paca.

Para os autores a elevação técnica do Sistema Agroflorestal ao Sistema Agrosilvopastoril, SAS, deixa o pequeno produtor em condições de ampliar sobremaneira a renda na propriedade acabando com os efeitos negativos do Pousio Econômico. A tendência, afirmam eles, é de que o plantel de animais silvestres se amplie se tornando uma das atividades principais na composição da renda familiar.

Finalmente, como de costume, a atividade é regulada de maneira exagerada e equivocada. O produtor que tiver vontade de entrar nesse mercado terá que se submeter à vontade das esquisitas normas e fiscalização ambiental.

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