Uma última e derradeira dúvida acerca da possibilidade ou não, de se transformar a Amazônia em uma das regiões mais importantes no cenário mundial de produção de etanol, a partir do plantio de cana-de-açúcar, foi definitivamente dirimida.

Cientistas brasileiros reunidos nas mais importantes e respeitadas instituições nacionais de pesquisas, alertam para a inviabilidade técnica dessa produção devido às limitações climáticas presentes na Amazônia. Isto é, a cana não poderá ser produzida na região devido a sérios impedimentos de ordem agronômica.

Significa dizer que independente dos graves argumentos reiterados sucessivas vezes por ambientalistas e autoridades do porte dos ganhadores do Prêmio Nobel, como Al Gore e o presidente do Painel Internacional de Mudanças Climáticas da ONU, relacionados aos riscos à manutenção das florestas, com a ampliação dos desmatamentos, que esse plantio causaria, o problema da produção de cana na Amazônia atinge uma variável bastante valorizada pelos por seus defensores, a da inviabilidade econômica.

A novidade vem de um estudo recente realizado por um consórcio de cinco órgãos públicos de pesquisas, que afirmam existir restrições difíceis de serem superadas, para o cultivo da cana em áreas nas quais: a) ocorram temperatura média anual abaixo de 19ºC; b) ocorram geadas; e c) ocorram secas, ausência de chuvas, por mais de 120 dias, sobretudo entre setembro e março. A Amazônia estaria enquadrada na terceira restrição.

O estudo orienta também a evitar o cultivo em áreas onde ocorram períodos de 90 dias nos quais, apesar de chover, não ocorrem pluviosidades capazes de causarem excedente hídrico, como no Acre, por exemplo.

Esses tipos de restrições causaram o que se chamou de “blindagem técnica” ao cultivo da cana em toda região da Amazônia. Nessa extensa área existem três usinas de etanol em operação, uma no Acre, outra no Amazonas e uma terceira no Pará. Todas encontrarão obstáculos para sua viabilização econômica.

O consórcio foi composto por instituições de referência para o estudo agronômico no país. Além da Embrapa, ainda contou com a experiência do IBGE, da Universidade de Campinas, Unicamp, do Serviço Geológico do Brasil e do Instituto de Pesquisas Espaciais, Inpe.

Os peritos usaram a metodologia do cruzamento de mapas, um total de oito temas diferentes, sobrepostos para que as informações pudessem se cruzar e oferecer respostas sintetizadas. Cada mapa sobre clima, solo, área antrópica, relevo, geomorfologia, foram cruzados com informações acerca de 20 anos de pluviosidade em todo o país.

Além da relação das chuvas com os temas o estudo também não orienta o plantio de cana em terras com declividade superiores a 12%. Ocorre que nessas declividades o emprego da mecanização fica prejudicado e o cultivo de cana precisa ser mecanizado para se viabilizar e, claro, evitar as nefastas queimadas. Por fim, uma produtividade superior a 60 toneladas por hectare é a mais indicada para a cana.

No entanto, o mais importante do estudo é que, as afirmações, dessa vez, estão sendo realizadas pelos mais sérios e competentes estudiosos da área agronômica que o Brasil possui. Não é coisa de ambientalistas que querem o atraso da Amazônia.

Aos inadvertidos, que pregam o progresso a qualquer custo, cuidado. Dessa vez, com a cana, os prejuízos, além de públicos, também serão privados.

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