O que faz com que um determinado tema seja incorporado à agenda política e se transforme em objetivos de política pública, na maioria das vezes, é a ocorrência de fatos, geralmente considerados trágicos, que emocionam a sociedade, despertam a solidariedade e mobilizam os políticos, que sempre precisam e querem, para obter votos, serem os primeiros ao lado do povo.

Na Amazônia e especialmente para o Setor Florestal, a historia tem mostrado que essas tragédias estão, infelizmente, associadas a morte de trabalhadores rurais, como as de Chico Mendes e Wilson Pinheiro, respectivamente de Xapuri e Brasiléia no Acre, ou á ampliação significativa na taxa de desmatamento (como ocorreu em 1995), ou ainda, à inusitada e imprevisível queima de floresta em pé, com a ocorrência de incêndios florestais (como os de Roraima em 1998 e do Acre em 2005).

Todavia, é curioso constatar que mesmo assim, com essas tragédias de elevadas proporções sociais, econômicas e ecológicas, a sociedade amazônica em geral, não consegue associar os fatos com clareza. Ou seja, tem dificuldade em fazer uma ligação direta entre os fenômenos ocorridos e a importância da existência de uma Política Florestal efetiva e em execução em cada município.

Da mesma forma que o aumento da violência nos grandes centros urbanos sugere a necessidade de uma política pública voltada ao combate a essa violência, as tragédias citadas acima, deveriam corroborar a importância de uma Política Florestal com objetivos claros e metas a serem alcançadas no curto prazo, para conter conflitos sociais desmatamentos e queimadas, respectivamente.

Mas não é o que ocorre. Talvez a razão principal é que, a rigor, reduzir desmatamento e queimada, ou evitar conflitos no campo, não deveria justificar a elaboração de uma política florestal. Seriam objetivos paralelos a serem alcançados na condição de externalidades positivas de uma Política Florestal voltada para ampliar o valor do ecossistema florestal na Amazônia.

Além disso, diagnosticar os objetivos principais para uma Política Florestal na Amazônia requer, em primeiro lugar, uma base de informações e estatísticas nem sempre disponíveis e quase sempre não confiáveis e, em segundo lugar, uma capacidade técnica, publica e privada, com profissionais aptos e de longa experiência, igualmente, difíceis de estarem disponíveis na região.

Como os objetivos de uma Política Florestal para a Amazônia, não são identificados com segurança, problemas paralelos, mas que possuem vínculo estreito com a Política Florestal, como aqueles vinculados á política agrícola (leia-se desmatamento e queimadas) ou ainda, objetivos complementares, como aqueles vinculados á política ambiental (leia-se licenciamento), findam por serem tratados como principais objetivos da política e, assim, a possibilidade de se estruturar uma economia florestal na Amazônia, com dimensão suficiente para barrar a expansão agropecuária não acontece.

Assim, discutem-se os problemas do roçado (área desmatada) pensando estar encontrando respostas para o ecossistema florestal, quando, na verdade, as soluções para a floresta estão na própria floresta,

Resumindo bastante: tenta-se curar a febre sem saber qual é e onde está a doença.

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