É bem possível que a borracha amazônica, a espécie florestal que gerou mais riqueza na região, seja o caso mais evidente de uma espécie florestal, cuja a intensa exploração chegou no limite da capacidade da floresta suportar e a seringueira não correu risco de extinção ecológica.

A pressão do mercado pela oferta de borracha, que elevou sobremaneira os preços e poderia ter levado os seringais nativos da Amazônia à exaustão e, dessa maneira, comprometido a regeneração da Hevea levando-a à extinção, encontrou uma válvula de escape na domesticação em cultivos e na substituição por sintéticos.

O resultado é que a extinção comercial da borracha amazônica ocorreu bem antes, mas muito bem antes, que qualquer ameaça de extinção ecológica.

Para entender melhor, é fato que o valor comercial obtido por um produto florestal é diretamente proporcional à intensidade de sua exploração no interior da floresta. Quanto maior o valor auferido pelo produto maior será sua taxa de exploração o que deveria equilibrar as taxas de oferta e demanda.

No entanto, caso isso não ocorra e a demanda pela espécie continuar crescendo e elevando os preços de mercado, a tal ponto que justifique os pesados investimentos em domesticação, esses investimentos ocorrerão muito antes do risco da extinção ecológica daquela espécie.

As forças de mercado tenderão a manter a espécie produzindo, quer seja para ampliar sua oferta, quer seja porque novos investidores vão se interessar por aquele mercado, quer seja para garantir os níveis de preço que são vantajosos, ou seja, em todas as hipóteses a espécie florestal terá que ter sua existência e manutenção garantida.

Se para espécies florestais com elevado valor comercial, como foi a borracha um dia, esse raciocínio é valido, o problema então passaria a ser as espécies de pouco valor comercial, cujos mercados são reduzidos, operando no limite mínimo, chegando ao ponto da subsistência.

Nesse caso os riscos da extinção ecológica são maiores e, por paradoxal que pareça, é justamente o mercado da subsistência, onde o risco de extinção é elevado, que conta sempre com a proteção e apoio das políticas públicas para continuar operando, mesmo com risco.

O exemplo da fauna silvestre elucida com clareza, os riscos que a proteção ao mercado da subsistência acarreta para a extinção ecológica das espécies. Ocorre que a caça é proibida, exceto no caso da subsistência, e o manejo em ambiente natural é restringido. Sendo assim o risco, da caça de subsistência realizada sem a aplicação de técnicas de manejo, para as espécies não pode ser negligenciado.

Sem os cuidados que o mercado oferece para produtos de alto valor e contando com as lacunas da regulação estatal a caça, pesca e coleta tornaram-se atividades de risco para manutenção das espécies.

O quadro se agrava na medida em que a agressiva normatização vigente, oriunda da legislação ambiental e florestal, além das Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente, Conama, impedem a exploração comercial dos produtos florestais.

O pior, tornam o ambiente de negócios ruim e favorecem a extinção comercial e econômica das espécies florestais.

Ou seja, antes da possibilidade de uma sobre-exploração acarretar a extinção ecológica o mercado providencia sua extinção comercial e desiste dela.

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