Essa conclusão não saiu da cabeça de algum ambientalista preservacionista ortodoxo ou da tese do próprio autor desse artigo que afirma nesse espaço, desde o final da década de 1990 do século passado, algo parecido, mas de José Alexandre Scheinkman, um dos nossos economistas de maior prestígio mundo afora.

Com a estatura intelectual fornecida pelo cargo de professor da Universidade de Columbia, em Nova York, Scheinkman realiza palestras em tudo que é canto apresentando os resultados de suas análises sobre o impacto econômico decorrente do aquecimento do planeta e mostrando um acerto de contas relativamente simples e de fácil entendimento.

Pela sua acertada contabilidade o desmatamento zero da Amazônia reduziria a contribuição brasileira na produção de carbono em 40%, enquanto que, por outro lado, se todos os países realizarem um esforço concentrado, que até o momento se mostrou impraticável, vão conseguir reduzir em 30% as emissões de carbono e sabe-se lá quando, em quanto tempo.

Por isso, em suas palavras:

“Se o mundo fizer um esforço muito grande de redução de emissões, vai conseguir baixar em 30% sabe-se lá em quantos anos. Acabando com o desmatamento na Amazônia (desmatamento zero ele quer dizer), a redução no Brasil seria proporcionalmente maior e mais rápida”.

Antes, nunca é demais explicar, o desmatamento zero inclui o desmatamento ilegal, que o caro serviço de fiscalização estatal vem conseguindo reduzir de maneira paulatina e permanente desde o final do incompetente período entre 2019-2022, mas também contabiliza o desmatamento legal, aquele que é um direito do produtor.

A legalidade é fornecida pelo Código Florestal, que a despeito de muito criticado pelos especialistas devido a pouca ousadia em enfrentar o eterno problema do desmatamento na Amazônia, foi aprovado em 2012 e teve sua constitucionalidade reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal em 2018, ou seja, está valendo.

Pela legislação o produtor pode desmatar até 20% de sua propriedade na Amazônia, sendo que em alguns locais onde foi aprovado o Zoneamento Econômico e Ecológico, como no caso do Acre, por exemplo, essa área pode ser ampliada de forma expressiva.

Por isso a importância em se quantificar o valor econômico do carbono retido na floresta da Amazônia, de modo a mostrar que esse estoque pode gerar renda superior à criação do gado solto no pasto na hegemônica atividade produtiva da pecuária extensiva.

Resumindo de maneira exemplar e irretocável Scheinkman conclui sua sábia conclusão da seguinte forma:

“A moral da história é o seguinte: ainda que seja crucial reduzir as emissões de CO2, parar de desmatar e reflorestar é um caminho mais rápido, mais barato e mais viável de evitar o aquecimento global. Nisso, a preservação e a restauração da Amazônia brasileira é fundamental para o mundo”.

Mais claro impossível.

E a COP30, que acontecerá em novembro, na capital do Pará, não pode deixar de demarcar o rumo para o desmatamento zero da Amazônia.

xxxx