Após a divulgação, em 2007, de dois importantes trabalhos: o relatório do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas, (IPCC na sigla em inglês) e a Avaliação do Impacto Econômico que as alterações no clima causariam (publicado pelo Governo Britânico), o mundo percebeu a urgência que a crise ecológica representava.

No ano seguinte, em 2008, o reconhecimento da existência de uma crise ecológica sem precedentes fez com que o Prêmio Nobel da Paz fosse entregue ao ex-presidente americano Al Gore e ao IPCC. Os ganhadores saíram mundo afora alertando a todos os países dos riscos que das alterações no clima.

A vinculação das florestas com a estabilidade climática foi outro grande avanço. É cada vez mais consensual que existe uma estreita relação entre a ocorrência dos maciços florestais e as alterações pluviométricas, de temperatura e de pressão atmosférica.

A dependência da floresta chamou a atenção para os desmatamentos, sobretudo na Amazônia. Um forte apelo internacional ganhou proporções inéditas para ofertar recursos financeiros para auxiliar no controle dos desmatamentos e das queimadas. Governos de países ricos, como a Finlândia, colocaram a disposição dos países amazônicos, somas consideráveis de recursos.

O Fundo Amazônia iniciou um processo agressivo de captação de recursos internacionais. A trajetória ascendente de arrecadação deixou claro que não faltaria recursos para apoiar um novo modelo de ocupação social e econômica para a Amazônia, que tivesse na manutenção da floresta sua principal característica.

No entanto uma outra crise, a do capital, colocou em risco o coração do capitalismo: o sistema financeiro. Instituições bancárias que representavam conglomerados sólidos e tradicionais pediram socorro aos governos. Os tesouros nacionais de diversos países tiveram que ser deslocados para compra dos bancos.

Países com ojeriza à estatização chamaram de nacionalização a compra dos bancos. Em todo mundo, os governantes se revezavam em justificativas para não deixar que o sistema ruísse.

Até os elevados salários e benefícios advindos das participações nos lucros da empresas, pelos altos executivos foram colocados sob suspeita.

A nacionalização em tempo de crise afastou diversos dirigentes do comando e trouxe para a esfera estatal a responsabilidade pela gestão do sistema. Os Bancos Centrais tiveram que recorrer às prerrogativas mais autoritárias para manter a ordem financeira. Enquanto isso os parlamentos dos países deram cheque em branco ao Poder Executivo sob a justificativa de que precisavam agir com celeridade.

A crise do sistema financeiro, que é sem precedentes, abafou a crise ecológica que é, igualmente, sem precedentes.

A diferença, que poucos conseguem ver, é que a ecológica pode ser a última!

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