Com desagradável gritaria a adesão do Brasil ao grupo de países que são os maiores produtores e exportadores mundiais de petróleo, conhecido por OPEP, recebeu maior atenção da imprensa brasileira que as negociações sobre desmatamento zero.
Curioso, posto que nada importa para o aquecimento do planeta se a OPEP terá um membro a mais ou a menos, da mesma forma que a exploração da margem equatorial pela Petrobras, com poços localizados longe do litoral e mais ainda da foz do rio Amazonas, não passa de outra das nossas costumeiras distrações.
O problema de fato é o desmatamento zero da Amazônia e poucos atentaram para o estudo publicado na COP28, por pesquisadores ingleses que fizeram um alerta muito perigoso aos brasileiros: a floresta tropical da Amazônia pode virar savana.
Existe um “ponto de não-retorno” a partir do qual os ecossistemas não possuem resiliência suficiente para regenerar as espécies de árvores, ou de flora e fauna, que existiam no ambiente nativo.
Ultrapassado o “ponto de não-retorno”, estimado em 25% de desmatamento para o caso da Amazônia, a floresta tropical se transformará em outro ecossistema, em princípio equivalente a uma savana, com porções desérticas e vegetação de pequeno e médio porte.
Significa que não haverá meio ambiente propício para a existência de árvores simbólicas e representativas da floresta amazônica, como a exuberante castanheira, Bertholletia Excelsa, que ultrapassa 40 metros de altura, por exemplo.
Por outro lado, a boa notícia levada pelos brasileiros para Dubai foi que a área de floresta desmatada na Amazônia, medida pelo conceituado Inpe para o período entre agosto de 2022 a julho de 2023, embora continue elevada e perigosa, apresentou redução em relação ao período anterior.
Depois dos prejuízos econômicos sofridos pela destruição da biodiversidade nos últimos quatro anos, a redução atual pode significar enfim a inversão de uma tendência persistente de elevação iniciada desde o memorável ano de 2012, único em que se desmatou área inferior a 5.000 Km2 na Amazônia.
Até a próxima terça-feira, dia 12 de dezembro de 2023, quando as negociações se encerram, a COP28 vai decidir os detalhes para o mercado mundial de carbono, esmiuçando o Artigo 6 do Acordo de Paris, assinado em 2015.
A expectativa é de que o programa de desmatamento evitado, conhecido por REDD+, em que o produtor é remunerado quando deixa de desmatar e conserva a floresta em sua propriedade seja reconhecido para investimento no mercado de carbono internacional a ser regulado pela ONU.
Deixem a OPEP pra lá, o que importa aos brasileiros, nesse momento, é o desmatamento zero da Amazônia, a prioridade é essa!