Desde 2005, com a publicação de uma série de artigos, procurou-se alertar a população acerca das conseqüências perigosas que a prática das queimadas traz para o meio ambiente e para a saúde pública.

Os artigos apresentam dois argumentos que, atualmente, parecem ser incontestáveis: agravamento das condições ambientais e possibilidade técnica e política para se erradicar a prática das queimadas no Acre.

No primeiro caso, advoga-se que os dois maiores problemas ambientais da Amazônia (desmatamento e queimadas) iriam assumir proporções globais, o que faria com que os outros países cobrassem maior responsabilidade e efetividade nas ações de controle levadas a cabo pela estrutura estatal brasileira.

De lá (2005) prá cá (2009) o mundo reconheceu com determinação que as mudanças climáticas e o conseqüente aquecimento global, exigem solução imediata, sob a pena de acarretar um colapso de tal envergadura que colocaria em risco o capitalismo e a própria existência humana.

Depois de premiações com Oscar (na mídia cinematográfica) e Nobel (na esfera científica) o tema do aquecimento global foi definitivamente vinculado à quantidade de monóxido de carbono (leia-se fumaça) colocados na atmosfera.

A partir daí, um novo vínculo foi estabelecido com facilidade: existencia de florestas.

Quer sejam para retirarem, ou seqüestrarem, o CO2 da atmosfera, quer sejam para manterem o CO2 estocado, a existencia de florestas, ou a falta delas, quando suprimidas pelo desmatamento e queimada, pode significar salvação ou desgraça para a humanidade.

Diante da dimensão das queimadas na Amazônia e sua enorme contribuição para o aquecimento global, o que foi alertado nos artigos ocorreu: o mundo hoje exige tolerância zero com as queimadas, sob a ameaça de impor ao país, salvaguardas ambientais que podem comprometer, por exemplo, a exportação de grãos de soja, o que representa mais de 30% da riqueza nacional.

Já no segundo caso os artigos defendem que existem inovações tecnológicas suficientes para que o produtor (pequeno, médio ou grande proprietário rural), possa, com seu nível de recursos financeiros, adotar essas inovações e abrir mão das queimadas.

E mais, argumenta também que a justificativa comumente usada da necessidade de queimar para poder comer perdeu a validade na década de 1990. Afinal, não há casos de assentamentos humanos recentes, nos quais os produtores dependam, única e exclusivamente, do desmatamento e da queimada para sobreviver.

Reconhecendo o impacto que a adoção de medidas para erradicar as queimadas traria ao meio rural acreano, os artigos também enfatizam a necessidade urgente da ação pública se planejar para que o “Acre não queime em 2010”.

Uma solução possível que, para acontecer, bastaria que os planejadores, em primeiro lugar, reconhecessem que a erradicação das queimadas, mais que uma urgência local, se configura em imperativo internacional e que, em segundo lugar, é possível se planejar para que isso se concretize no curto prazo.

O tempo de um mandato, o tempo suficiente para que o Acre se tornasse o primeiro da Amazônia a não queimar. Tempo suficiente para o Acre mostrar à Amazônia e ao mundo seu costumeiro diferencial de sustentabilidade.

Mas, por falar em tempo, 2010 é ano que vem.

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