Sim, Desde que …

Quantos se fizeram essa pergunta e quantos a responderam emocionados. O arrebatamento que o maravilhoso ecossistema amazônico causa ao mais frio observador é tamanho que torna-se impossível não pensar em sua sustentabilidade e nas estratégias para chegar lá.

De Euclides da Cunha até hoje todos, sem exceção, que tiveram a grata oportunidade de, em algum momento de sua vida profissional, manter contato com a realidade amazônica, mesmo que seja somente no aeroporto de suas principais capitais, não economizará diagnósticos e postulados acerca do seu futuro.

Mas a resposta é sim, a Amazônia pode conquistar a sustentabilidade, em que pese a existência de uma enorme lista de deveres a serem cumpridos, inseridos no desde que… Deveres que, infelizmente, os brasileiros estão tratando com perigoso grau de indiferença.

Ocorre que a fase de consensos ainda não acabou. Os diagnósticos e postulados realizados por todos guardam certo grau de distanciamento conceitual e de reflexos no dia-dia da região. Há alguns que, apesar das evidências em contrário, ainda acreditam na saída pela agropecuária como atividade principal de um modelo de ocupação econômica e social da região.

Mas há também aqueles que, por não conseguirem enxergar uma alternativa à produção de espécies vegetais e animais exóticas (leia-se soja e gado), depositam toda sua esperança na fiscalização e que, mais recentemente, se empenhou na consolidação do Zoneamento Econômico e Ecológico, ZEE.

Triste resultado, o ZEE em cada Estado no qual é finalizado e transformado em Lei abre espaços territoriais para expansão da agropecuária. Isto é, beneficia o agente econômico que mais se empenhou para que não fosse realizado: os pecuaristas.

O consenso, acerca da alternativa produtiva ideal para a sustentabilidade da Amazônia, começou a ser delineado quando da elaboração da Política Nacional Integrada para Amazônia, PNIAL, nos idos de 1996. A PNIAL, com visão estratégica, mas pouca capacidade de operacionalização, afirmava a opção florestal da Amazônia.

De lá (1996) prá cá (2009) a reafirmação dessa vocação florestal da Amazônia surgiu de maneira recorrente. Ora por meio das experiências exitosas de uso múltiplo do ecossistema florestal realizada por comunidades e organizações do terceiro setor, ora por normatizações dos órgãos de controle, ora por ampliação das restrições aos desmatamentos, ora com a produção de teses da academia, ora com estudos das organizações de promoção do desenvolvimento, até chegar na sua mais importante elaboração: o Plano Amazônia Sustentável, PAS.

No PAS a vocação florestal da região ganhou contornos de possibilidade concreta. Estabelecendo diretrizes, ainda em nível macro, sobre de que maneira essa vocação florestal se tornaria uma realidade no cotidiano dos agentes econômicos e atores sociais locais, o Plano se sustenta nos pilares da regularização fundiária (para que o Estado possa exercer seu papel de ordenador da ocupação) e da difusão da tecnologia do Manejo Florestal de Uso Múltiplo (para que os produtores possam explorar a biodiversidade de forma sustentável).

Com tecnologia de manejo da biodiversidade, surgidas nos últimos 20 anos, a Amazônia poderá conceber e consolidar Cluster Florestais, dispersos em toda sua extensão, potencializando suas duas principais vantagens competitivas: a imensa diversidade biológica e a existência de um elevado contingente populacional (que outrora eram extrativistas e agora são manejadores florestais) que sabem manejá-la.

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