A produção rural na Amazônia sempre se realizou com elevados graus de primitivismo tecnológico. Com fartura de recursos naturais, no caso terra e florestas, a produção agropecuária se valeu dessa fartura para ser ampliada constantemente. Áreas extensas eram pouco aproveitadas e sua queda de produtividade justificava a introdução de novas áreas florestais ao sistema produtivo.

No entanto, no decorrer da década de 1990, o desmatamento e as conseqüentes queimadas, cuja taxa recorde de incremento, ocorreria em 1995, deixaram perplexos até os mais entusiastas defensores da equivocada visão de celeiro do mundo que a Amazônia um dia ocuparia.

Adequar essa produção agropecuária às características ambientais e florestais da região transformou-se em um imperativo político. Um conjunto de esforços variados foi desencadeado para oferecer alternativas tecnológicas a essa produção rural, ancorada no nefasto ciclo do desmatamento-queimada-plantio. As soluções foram concebidas para atender dois tipos de produtores, característicos da pequena produção agropecuária na Amazônia.

A primeira solução buscou oferecer ao produtor localizado no interior do ecossistema florestal, sobretudo nas unidades de conservação de uso sustentável como as Reservas Extrativistas, uma alternativa baseada na própria floresta.

A tecnologia do manejo florestal comunitário foi elaborada para fazer com que o produtor extrativista, que possuía sua produção florestal baseada no binômio borracha e castanha, iniciasse uma produção manejada de madeira. Manejo esse realizado de maneira coletiva e inserido nas condições de investimentos existentes nessas comunidades.

Sem dúvida, o manejo comunitário foi um dos instrumentos mais eficientes para impedir a ampliação do desmatamento nessas áreas de extrativismo.

A outra solução tecnológica foi direcionada para o produtor que já havia se tornado um agricultor típico. Localizado em projetos de assentamentos da reforma agrária, esse produtor já havia desmatado sua propriedade no limite permitido pela lei. Para esse produtor interessava modernizar a produção agropecuária e não substituí-la pela florestal ou pelo extrativismo.

A alternativa encontrada para esse produtor foi a instalação do denominado Sistema Agroflorestal (SAF). Um número variado de SAFs foram concebidos e implantados na Amazônia.

Basicamente o SAF consorcia ou mistura espécies vegetais de diferentes ciclos de vida em um mesmo hectare de plantio. Sua cronologia produtiva permitiria ao produtor auferir renda, com a área abandonada para pousio, de maneira mais prolongada. Além disso, ao consociar várias espécies, o SAF aproximava o plantio para agropecuária do ecossistema florestal original. Se resolveria, dessa maneira, o problema da baixa produtividade com uma solução tecnológica adequada à realidade ambiental da região.

Infelizmente o SAF não teve o mesmo sucesso que o manejo comunitário para evitar a ampliação do desmatamento e da queimada.

O ponto comum entre essas duas tecnologias, SAF e manejo comunitário, é que, apesar de tecnicamente aprovadas, não são prioridade.

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