O Sistema Agroflorestal, Saf na sigla dos técnicos, surgiu como alternativa para adequar a produção agropecuária aos ideais de sustentabilidade requeridos para a Amazônia. Ganhou expressão, no final da década de 1980, ao sensibilizar um imenso contingente de pesquisadores e técnicos, contrários aos princípios da revolução verde e, lógico, ao desmatamento das florestas amazônicas.

O Saf é instalado quando o produtor termina a limpeza da área. Após o desmatamento e a queimada, o produtor vai realizar o plantio das espécies vegetais de ciclo curto usadas para sua produção de subsistência. A maior parte será consumida por sua família e uma menor parcela, cada vez maior por sinal, será comercializada no mercado local. Geralmente são plantados milho, arroz, macaxeira e feijão.

Nesse momento o produtor também realiza o plantio das espécies de ciclo médio. Na maior parte, são compostas por espécies frutíferas como: açaí, cupuaçu, pupunha e graviola, que iniciarão sua produção após os 3 primeiros anos de plantio. O produtor conclui seu Saf, com a inclusão das espécies de ciclo longo. Geralmente espécies florestais, madeireiras ou não, que iniciação sua produção bem mais tarde, após 15 anos de plantio.

Depois que o produtor usa a área do Saf para produção de subsistência, pelos 3 primeiros anos, começa a perceber o esgotamento do solo. Está na hora de abandonar a área para o pousio e, com o Saf, a capoeira a ser formada será enriquecida com a presença das espécies frutíferas e florestais por ele introduzidas.

O referencial tecnico do Saf parte do pressuposto de que após 3 anos de plantio as copas das plantas frutíferas impedem o desenvolvimentos das de subsistência devido ao sombreamento, ou seja, a luz do sol não chega até o solo. O mesmo ocorre posteriormente com o sombreamento realizado pelas de ciclo longo.

No entanto um intervalo de tempo elevado ocorre entre o sombreamento e a produção das espécies do ciclo seguinte. Para explicar melhor, o produtor já não plantava milho devido a sombra do cupuaçu mas ainda não tinha cupuaçu para colher. Da mesma forma que o sombreamento do cupuaçu, pelo cedro, ocorria bem antes do período ideal para colher a madeira do cedro.

E, o mais grave, nesse intervalo de tempo, o produtor era obrigado a realizar uma série de tratos culturais no Saf. Isto é, um longo tempo de dispêndios sem que se obtivessem receitas.

Faltava algo no Saf para ampliar sua produtividade e garantir ao produtor a obtenção de receitas mais permanentes e constantes. Uma nova atividade que significasse poucos investimentos e se utilizasse do Saf existente.

A introdução do manejo de animais silvestres nativos da Amazônia no Saf, transformando-o, ou elevando-o à condição de um Sistema Agrosilvopastoril, SAS, também na sigla dos técnicos, surge como uma solução tecnológica importante. A opção pela introdução dos animais surte um efeito gerador de renda e completa o principio básico do Saf, qual seja, o de aproximação com o ecossistema florestal natural.

Além de resolver o problema do pousio econômico, no qual o produtor investe no Saf sem obter retorno, a introdução de um animal silvestre como a paca, por exemplo, melhora as condições ecológicas do plantio.

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