Perante o Acordo de Paris – pacto celebrado em 2015, sendo reconhecido como o mais abrangente e representativo tratado internacional destinado à mitigação do aquecimento global e consequentes mudanças climáticas –, mais de 190 países (o que equivale praticamente ao mundo inteiro) assumiram o compromisso de reduzir as emissões de carbono originadas da queima de petróleo.

Uma medida drástica, todavia, proporcional à crise que se avizinha.

Acontece que está no consumo dos combustíveis baseados no petróleo a chave para reverter os impactos ambientais, econômicos e sociais advindos da elevação da temperatura do planeta.

A medida é drástica porque põe em xeque o modelo de produção industrial que proporcionou riqueza aos países desenvolvidos, garantindo-lhes altos níveis de IDH. Ao desafiar esse modelo, essas nações, em última análise, estão arriscando o elevado padrão social e econômico que lograram alcançar.

É verdade que uma mudança de paradigma de tal magnitude ocorre gradualmente, exigindo tempo e planejamento. Por isso, no Acordo de Paris foram definidos prazos elásticos, tendo sido fixado o ano de 2030 como termo final para o cumprimento da maioria das metas estabelecidas.

Mesmo antes de a crise ecológica mundial se tornar iminente, o setor de transportes já tinha começado a fazer seu dever de casa, buscando uma tecnologia alternativa aos motores de combustão interna (leia-se: que consomem petróleo).

Desse modo, a decisão política sinalizada pela assinatura do pacto mundial foi decisiva para que as indústrias automotivas se adiantassem. Como fez a Volvo, que acabou de anunciar que a partir de 2019 passará a produzir exclusivamente carros movidos por motor elétrico.

Muito embora o preço de comercialização do carro elétrico seja elevado (quando comparado aos veículos a gasolina), estima-se que os custos de produção vão baixar ainda no curto prazo.

Todos já tivemos a oportunidade de presenciar como se dá o processo de introdução de uma inovação tecnológica no mercado. Foi o que aconteceu com o câmbio automático (para continuar no contexto automobilístico), que rapidamente se tornou acessível, passando a ostentar preços compatíveis com os praticados no mercado nacional.

No caso do motor elétrico, o sistema de preços que regula o processo de produção em escala pode ser influenciado por fatores que vão acelerar ainda mais a redução dos custos.

Não precisa ser eletricista ou mecânico, qualquer pessoa que já se viu às voltas com uma simples bomba d’água tem noção da enorme distância que separa os motores elétricos daqueles a combustão – em especial no que respeita ao conjunto de componentes e exigências relacionadas à manutenção.

Bombas elétricas apresentam estrutura simples (carcaça e rotor, basicamente), não requerem manutenção frequente e duram muito.

Entre outros impactos esperados, as oficinas mecânicas têm prazo para acabar. O mesmo raciocínio vale para um número significativo de pequenas fábricas que manufaturam desde parafusos específicos até o cabeçote que resiste à queima de combustível.

Para a realidade brasileira, ainda parece difícil imaginar o desaparecimento dos carros a gasolina e das oficinas, contudo, esse é o futuro próximo – até porque a revolução trazida pelo carro elétrico não depende de decisões de governos.

Vai acontecer, enquanto por aqui ainda discutimos o fim do desmatamento ilegal na Amazônia e fingimos que o desmatamento legalizado não existe.

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